Contextualização histórica
A segunda metade do século XIX foi um período de progresso e desenvolvimento para a construção de uma sociedade Europeia moderna. A expansão dos caminhos de ferro permitiu uma circulação exponencial de pessoas e bens, criando uma rede ímpar até à data. Paralelamente, o aparecimento da luz eléctrica, telefone e motor de explosão transformaram profundamente a sociedade.
A diversificação industrial e a produção em série alteraram economicamente a sociedade, existiu uma explosão demográfica constituindo cidades populosas favoráveis ao desenvolvimento dos transportes e das comunicações, nomeadamente o telégrafo, telefone e rádio.
Os hábitos sociais alteraram-se substancialmente com a iluminação dos espaços públicos mais nobres das cidades, os jardins, parques, cafés, salões, cabarés e teatros.
A sociedade transforma-se progressivamente e acelera o ritmo que vive, a cultura acompanha essa mudança, as grandes exposições mundiais passaram a ser regulares em Londres e Paris, deste modo França e Inglaterra consolidam-se como as grandes potências industriais. E em França com a queda da Monarquia dando lugar à III República e ao Segundo Império de Napoleão III (1852-1870), Paris evidencia-se como o centro cultural de excelência para o aparecimento dos grandes movimentos literários e artísticos capazes de se implementarem no resto do mundo.
O Impressionismo surge assim em Paris reflexo do ócio e lazer quotidiano que se vivia, era algo absolutamente novo, os impressionistas interessam-se assim pelo momento, pela captação da sensação que o instante provoca.
Este novo modo de pensar conseguiu romper com a percepção do mundo e das suas realidades.
Influências
Tal como todos os movimentos artísticos o Impressionismo captou influências e tendências. A invenção da fotografia foi o grande acontecimento que impulsionou o Impressionismo e rompeu com o Realismo.
Outra grande influência foi a arte gráfica oriental presente na Exposição Internacional de Londres em 1862, esta influência trouxe a concepção livre da forma, a aplicação de cores puras e claras, a linearidade do desenho e as temáticas populares, esta influência é denominada como "Japonesismo" e contribuiu para a queda dos cânones tradicionais da representação.
O legado de Constable, de Turner, da Escola de Barbizon e de Courbet influencia o Impressionismo.
Berthe Morisot, Manet
Na praia, Manet
O Monte Fuji com tempo claro, Katsushika Hokusai
O atelier da Rua de la Condamine, Fréderic Bazille
A origem e a "Impressão, Sol Nascente"
A designação "Impressionismo" aparece em 1874 pela voz do jornalista Louis Leroy que de forma critica e sarcástica define a obra de Monet "Impressão, Sol Nascente".
Na primeira exposição realizada fora dos parâmetros convencionais e oficiais, no atelier do fotografo Nadar, participou o grupo de artistas denominadoSocieté Anonyme de Artistes Peintres, Sculpteurs et Graveurs,composto por: Degas, Renoir, Monet, Pissarro, Cézanne e Sisley.
A arte destes artistas não tinha na sua génese uma teoria de suporte nem se agregavam como escola, efectivamente eram os artistas rejeitados dos salões oficiais que participavam nas "Exposições Impressionistas" entre 1874 a 1882.
Apesar de não existir como tese de suporte do Impressionismo, a obra de Monet "Impressão, Sol Nascente" define os objectivos programáticos como: acaptação do instante, a impressão, o efeito visual, entre outros.
Estes artistas reprovavam a arte académica, pretendiam uma transformação da arte não apenas através dos temas, mas também pelas técnicas pictóricas e plásticas.
Influências cientificas
Os Impressionistas têm influências como outros movimentos artísticos, estes artistas deixaram-se influenciar por algumas teorias cientificas como:
- Isaac Newton (1642-1727), tratado sobre a luz e leis da visão;
- Thomas Young (1773-1829), tratado sobre a cor;
- Eugéne Chevreul (1786-1889), teoria dos contrastes da cor.
Impressão do Sol Nascente, Claude Monet, 1872
Estudo torso, efeito de Sol, Auguste Renoir, 1875-1876
Ensaio de figura em plein air: mulher com sombrinha voltada para a direita, Claude Monet, 1886
Mulheres no jardim, Claude Monet, 1867
Reunião de Familia, Fréderic Bazille, 1867
O Pífaro, Edouard Manet, 1867
Émile Zola, Edouard Manet, 1867-1868
Regatas em Argenteuil, Claude Monet, 1872
Regatas em Molesey, Alfred Sisley, 1874
O Impressionismo em Manet, Degas e Renoir
A pintura impressionista na sua forma singular e espontânea de expressão reproduz sensações ópticas da paisagem, gerando vibrações coloridas e luminosas dos objectos e do espaço.
O método de aplicação da cor sobre a tela é diferente do que até então se praticava, aplicavam a cor directamente do tubo na superfície da tela em pinceladas rápidas e leves. Esta técnica proporciona cores claras e vibrantes de grande luminosidade, gradualmente abandonou-se o claro-escuro e o preto.
Os artistas impressionistas procuravam novos pontos de vista, insólitos, curiosos e pitorescos resultavam em enquadramentos inesperados.
Em 1863, o grupo impressionista saiu do anonimato e apoiados pelo Imperador Napoleão III, constituíram o Salão dos Recusados com as obras não aprovadas pelo júri do Salão Oficial do mesmo ano.
A obra "O almoço na relva" de Manet (1832-1883) foi o expoente mediático de toda a exposição de proporções escandalosas, mudou definitivamente o rumo da história da arte. Outra obra que provocou grande impacto mediático foi a obra "Olympia" também de Manet. Obras emblemáticas que exaltam o tema do nú feminino questionando todas as moralidades da sociedade contemporânea.
Almoço na relva, Manet 1863
Olympia, Manet 1863
Música nas Tulheiras, Manet 1860
Edgar Degas (1834-1917)
Foi um dos grandes artistas dinamizadores das exposições impressionistas.
Enquanto artista recusou a prática da pinturaen plein air, esta atitude levou à reprodução de imagens em atelier a partir de momentos da realidade. Degas além de pintor foi um grande fotografo do seu tempo, apreciava perspectivas invulgares e aleatórias muitas delas captadas das corridas de cavalos e das aulas de dança que observava.
O Absinto, Edgar Degas 1875
Cavalos de Corrida diante das tribunas, Edgar Degas 1866-1868
Recinto de corridas, jockeys amadores, Edgar Degas 1876
O foyer de dança na Ópera da Rua le-Peletier, Edgar Degas 1872
Auguste Renoir (1841-1919)
Renoir enquanto artista rompeu com a norma tradicional de representação do espaço, trocou as regras cientificas da perspectiva linear (pirâmide visual) propondo princípios puramente ópticos baseado no tratamento da luz e cor, privilegiando os efeitos luminosos, atmosferas vibrantes e superfícies transparentes.
Baile na Moulin de la Galette, Montmartre, Renoir 1877
O Baloiço, Renoir 1877
Claude Monet (1840-1926)
Monet é um dos grandes artistas Impressionistas, criadorr de uma obra riquíssima, cujas principais características são:
- Fragmentação do espaço;
- Diluição da forma;
- Esbatimento do desenho;
- Desmaterialização da pintura;
- Estudos em plein air;
- Vibrações e reflexos da luz sobre energia solar corpos e superficies.
Gare de Saint-Lazare de 1877
A Catedral de Rouen
Camille Pissarro (1830-1903)
Este artista é um dos grandes divulgadores impressionistas, do seu método e das exposições do movimento.
Os telhados vermelhos, pedaço de aldeia, um efeito de inverno, Camille Pissarro 1877
Primavera, ameixeiras em flor, Camille Pissarro 1877
A ponte Boieldieu en Rouen, Sol Poente, tempo brumoso, Camille Pissarro 1896
Alfred Sisley (1839-1899)
Grande companheiro de Monet e Renoir nas sessões de Pintura ao ar Livre e na partilha de saber e experiência.
A inundação em Port-Marly, Alfred Sisley 1876
Ponte de Moret, Alfred Sisley 1893
Fréderic Bazille (1841-1870)
Um dos artistas pioneiros do movimento, faleceu em combater na guerra com a Prússia.
Reunião de familia
Gustave Caillebotte (1848-1894)
Artista de uma enorme fortuna, suportou financeiramente o grupo de artistas impressionistas em momentos menos auspiciosos, adquiria as obras dos restantes artistas e amigos como alavanca financeira.
Os Aplainadores de Parquet, Gustave Caillebote 1876
Henri Toulouse-Lautrec (18-1901)
Outro grande artista deste movimento tão rico, Toulouse-Lautrec tem como caracteristicas o desenho fugaz, rápido e expressivo.As suas composições enquadram-se na linha de Degas e cultiva o gosto de temas sobre a boémia.
No Moulin Rouge, Toulousse-Lautrec 1892
Paul Cézanne (1839-1906)
Este artista teve um papel importante na afirmação do Impressionismo.
A casa do enforcado em Auvers-sur-Oise, Cézanne 1873
A Ponte de Maincy, Paul Cézanne 1879
L'Estaque, Paul Cézanne 1878-1879
Auguste Rodin (1840-1917)
Rodin foi um dos Impressionistas de maior destaque.
Homem a andar, Rodin 1877
A catedral, Rodin 1907
O beijo, de Rodin 1886
Os Burgueses de Calais, de Rodin 1884-1895
O pensador, Rodin 1880
Fontes:
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