Este capitulo aponta para três grandes núcleos de património urbano e arquitectónico, Lisboa aparece assim desenhada sobre um núcleo referente a Lisboa ocidental, que integra a zona histórica de Belém e ainda Lisboa Oriental, descrita pela recente intervenção, o Parque das Nações e o núcleo central que vai ser alvo de um estudo mais aprofundado, Baixa/Avenida/Castelo. Este itinerário pelo património de relevo lisboeta aponta nestes três núcleos localizados no arco ribeirinho constituintes de um grande potencial urbanístico, responsáveis pela paisagem urbana lisboeta.
O tecido urbano ao longo destes núcleos é composto por elementos arquitectónicos únicos de um património importantíssimo como o caso dos edifícios históricos que vão enaltecendo a sua área de influência, dos grandes equipamentos e dos grandes edifícios de serviços, graças à convergência das actividades económicas, culturais e sociais.
A relevância da qualidade urbana assente na Baixa Pombalina ou no Parque das Nações, planos nascidos do avanço tecnológico da sua contemporaneidade, constituem-se importantes na concepção de Lisboa cosmopolita.
As grandes obras da arquitectura portuguesa encontram-se maioritariamente inseridas nestes núcleos contribuindo grandemente para a qualidade do espaço urbano. Também os pólos educativos, culturais e comerciais contribuem para a diversidade urbana.
Belém
Belém é um núcleo urbano de grande relevo no tecido da cidade, situa-se a ocidente de Lisboa. O lugar de Belém é o retrato dos fenómenos históricos envolvidos na génese de Portugal, nomeadamente relativos à época dos Descobrimentos. Os lugares do Chão Salgado, Alto do Duque e Forte da Areia são sítios de grande evocação histórica.
Belém coroa a expansão marítima, a implantação da corte, a Exposição do Mundo Português e o contemporâneo Centro Cultural de Belém, são marcos que fizeram de Belém um núcleo de fixação de equipamentos e grande investimento empresarial. Os Jerónimos e a Torre de Belém favoreceram o desenvolvimento urbano do lugar de Belém, onde quintas suburbanas enalteciam o tecido urbano no século XV. No século XVIII Belém tinha uma forte importância económica, repletas de palácios e edifícios nobres, que dado o terramoto poucos estragos tiveram, pois a zona de Belém foi pouco afectada.
No século XIX Belém tornou-se num bairro administrativo e concelhio no reconhecimento da sua importância integrando-se na cidade de Lisboa, Belém tornou-se um local de culto do passeio, é como se fosse um museu a céu aberto, é um pólo de divertimento muito dinamizador.
Em pleno século XX, a partir dos anos quarenta sofre muitas operações urbanísticas alterando profundamente a imagem urbana de Belém. Na década de trinta um bairro de habitação económica foi construído nas Terras do Forno, denominado Bairro Novo de Belém. A Exposição do Mundo Português em 1940, transformou em muito o espaço urbano tornando Belém ainda um lugar mais mediático. No inicio da década de cinquenta um novo bairro social emergeu no Restelo, bem como o Estádio do Restelo, o Planetário Gulbenkian, o Museu da Marinha e o Museu da Arte Popular. Em 1970 urbanizou-se o Alto do Restelo, e após o 25 de Abril instala-se o Mercado do Povo e a Galeria de Arte Moderna. Nos anos noventa ergue-se o Centro Cultural de Belém edifício de grande controvérsia. Apesar deste crescimento e deste fervor no que toca à implantação de equipamentos culturais, Belém ainda conta nos anos noventa com bairros de barracas como o Bairro Brancas Lucas ou Alto dos Esteiros.
Belém é um pólo importantíssimo no que toca ao valor patrimonial, é o lugar de Lisboa que oferece o maior número de imóveis classificados, é um verdadeiro desfile de vários reflexos arquitectónicos, essa diversidade faz de Belém um exilibris para a projecção de Lisboa no mundo.
Os elementos urbanos são de tal evidência que merecem ser referenciados, como o conjunto urbano sito na Rua Vieira Portuense datado do século XVII, formado por edifícios seiscentistas, o Palácio Calheta ou Pátio das Vacas do século XVIII situado na Rua General João de Almeida, o Largo do Chão Salgado, a Ermida de Nossa Senhora da Conceição de 1710, a Casa dos Pastéis de Belém de grande importância na atractividade internacional, o Picadeiro Régio actual Museu dos Coches, o Padrão dos Descobrimentos de 1940, o Pavilhão da Exposição do Mundo Português, actual Museu da Arte Popular datado de 1940, o Planetário Calouste Gulbenkian...
Mosteiro dos Jerónimos
O Mosteiro dos Jerónimos é a resposta edificada ao estimulo de D. Manuel I, que em 1496 pediu autorização para edificar um extraordinário Mosteiro nas margens do Tejo. No ano de 1951 começou-se a edificação concluída um século depois. O edifício perpectua uma fachada extensa com um carácter de horizontalidade inato, o edifício foi construído com um material regional, o lioz.
As personalidades referentes à construção e concepção do Mosteiro, foram Diogo de Boitaca, João de Castilho, Diogo de Torralva e Jerónimo de Ruão. O edifício do Mosteiro dos Jerónimos é o exilibris da arquitectura Manuelina, apesar de ter apontamentos do Gótico final e do Renascimento.
Nos séculos XVII e XVIII, foram construídas a porta da clausura, a casa do porteiro, a escadaria conventual e a sala que se direcciona para a galeria do Claustro. Em 1640 é executada a livraria do Mosteiro e em 1711 construiram-se os retábulos de talha para os altares do cruzeiro.
No século XIX os cenógrafos Rambois e Cinatti entraram em cena para reestruturar a fachada da igreja e o anexo contiguo criando a imagem aparente que se identifica aos dias de hoje, estes demoliram a galilé e a sala real, construíram os torreões nascentes ao dormitório, foi executada uma cobertura mitrada para substituir a cobertura piramidal da torre sineira e construíram a também a rosácea do Coro-Alto. Os restauros referentes ao Claustro e à Sala do Capitulo sucederam-se em 1886 pela mão do engenheiro Raymundo Valladas que construiu as abóbadas destes espaços.
No inicio do século XX o Mosteiro do Jerónimos recebe a designação de Monumento Nacional, seguidamente em 1908 realizaram-se obras no Mosteiro com a conclusão do corpo central do anexo, bem como a fixação de vitrais na fachada orientada a Sul. Em 1939, são efectuados novos restauros e um ano depois o espaço envolvente ao edifício recebe especial atenção em prol da Exposição do Mundo Português. Relativamente ao Museu da Marinha foi instalado em 1909 e mais tarde o Planetário Calouste Gulbenkian em 1962 implantaram-se contíguos ao Mosteiro tornando o espaço ainda mais dinâmico.
Em 1983 o Mosteiro recebe a classificação de Património Mundial pela UNESCO que difundirá imenso a imagem de Portugal no mundo, ainda em 1985, foi assinado o tratado em que Portugal aderiu à CEE no Claustro do Mosteiro do Jerónimos.
Relativamente aos elementos arquitectónicos, a Porta Sul foi construída entre 1516 e 1518 pela mão de João Castilho respeitando o projecto de Diogo de Boitaca, é o elemento central da fachada imponente do Mosteiro. No que concerne à Porta Principal está orientada a Nascente e está defronte ao Altar-Mor, projecto de Diogo de Boitaca e construída por Nicolau Chanterenne. A Igreja de Santa Maria de Belém está assente numa planta em cruz latina, desenvolvendo-se em três naves com o mesmo pé-direito, trata-se de uma igreja salão, ostentada por uma abóbada polinervurada suportada por seis pilares circulares. A parede localizada a Norte vislumbra os confessionários e a Sul os janelões decorados com vitrais. A abóbada do cruzeiro nobre vence uma largura de trinta metros, algo de grande espectacularidade para a época, uma grande inovação estrutural. A Capela-Mor é da traça de Jerónimo de Ruão, com influência maneirista contrastante com a preserverança manuelina. As arcadas estão abertas entre as colunas laterais e em cima do Altar-Mor localizando-se o retábulo com imagens da Paixão de Cristo. O claustro foi projectado por Diogo de Boitaca que iniciou a construção, posteriormente o trabalho foi continuado por João de Castilho e concluído em 1541 por Diogo de Torralva, o Claustro é a componente arquitectónica de maior relevo do período Manuelino, possui um duplo piso assente sobre uma planta rectangular e abobadado. No que toca ao refeitório do Mosteiro foi construído no período compreendido entre 1517 e 1518 pela mão de Leonardo Vaz, possui uma abóbada abatida e polinervurada. As paredes são revestidas por um painel de azulejos por baixo de cordões de pedra. A Sala do Capitulo tinha a função de reunir os monges, apesar de numa ter desepenhado a função devido à conclusão tardia da abóbada no século XIX. A Sacristia é projecto do arquitecto João Castilho sendo executado no período entre 1517 e 1520, é uma sala imponente abobadada com uma coluna central renascentista, as pilastras são de ordem jónica comparáveis às capelas laterais do transepto da igreja. O Coro-Alto é uma obra anterior ao ano de 1551, é uma grande obra da carpintaria artística renascentista projecto de Diogo de Torralva, o varandim desmoronou em parte com o terramoto de 1775 sendo reconstruído em 1883. O Mosteiro possui ainda uma livraria datada de 1640, onde estavam as grandes obras da autoria eclesiástica.
Torre de Belém
Tal como o Mosteiro a Torre de Belém faz parte dos edifícios defensivos de herança medieval, esta fortificação pertence à salvaguarda do estuário do Tejo, obra do reinado de D. Manuel I, a Torre de Belém possui uma traça única, artilhada para responder à defesa do Tejo. Exteriormente a Torre ostenta uma escadaria, onde é possível observar a guarida a Norte envolta de uma decoração de evocação religiosa e simbologia Manuelina. Passando por um passadiço converge-se para a ponte elevadiça rodeada de altas técnicas defensivas. Em relação ao Baluarte, localiza-se seguidamente à porta principal, possui dezassete bocas das canhoeiras, a pavimentação apresenta-se inclinada para o exterior, ao centro encontra-se um pátio rectangular com arcadas góticas, ainda na nave do Baluarte dispersam-se pátios e uma escada abrupta que vai em direcção ao terraço do Baluarte envolto de seis guaritas com janelas de vigia e cúpula de gomos. Relativamente à fachada Sul que se encontra virada para o Tejo e é fortemente decorada, no segundo pavimento localiza-se um balcão corrido com arcadas decoradas com balaustradas, esta fachada é a representação de toda a simbologia Manuelina, dotada de grande presença na zona ribeirinha em pleno século XVI, era uma das mais impressionantes fachadas na época. A torre dispõe de uma Sala do Governador é a primeira sala onde se encontra a boca da cisterna, o tecto abobadado e pigmentado com cal, também na sala encontra-se uma escada em caracol que se direcciona até ao topo da torre e também alcançando as salas. A Sala dos Reis dá acesso ao balcão da fachada Sul da torre, o pavimento desta sala apresenta oito matacães, ainda no que toca às salas, existe a Sala das Audiências, tem um carácter muito austero, a Sul surgem duas janelas com balaustrada com arco semicircular, nas outras paredes aparecem vãos geminados incorporando arcos de volta perfeita e colunelo central. A Capela é austera afecta ao recolhimento, a sala da Capela tem uma abóbada polinervurada, com evocação religiosa e Manuelina, todo o piso é envolto por um balcão com matacães. Como já foi referido a Torre de Belém possui um terraço onde se tem uma visão extraordinária sob o estuário do Tejo e área contigua a Belém.
Palácio de Belém
O Palácio de Belém, datado de 1559, está classificado como Monumento Nacional trata-se da actual residência oficial da Presidência da República.
O edifício central é composto por cinco volumes defronte para o Estuário do Tejo integrado num forte desenho paisagístico. Existe um palacete a Este do Pátio das Damas denominado como anexo, bem como outro volume no gaveto para a Calçada da Ajuda pertencente ao Museu dos Coches. A Ocidente localizam-se a articulação do pavilhão da Arrábida, do Pátio dos Bichos e do Jardim da Cascata. Para Sul o Jardim Grande prolonga-se culminando num miradouro, ainda a poente existem as antigas “Casas da Recreação”.
Para dar entrada no Palácio é necessário percorrer o Pátio dos Bichos, e as antigas cavalariças hoje funcionam como o Museu da Presidência da República. Lateralmente ao Pátio dos Bichos confronta-se a fachada Ocidental do Palácio onde se intersectam o Palácio e pavilhão Arrábida, a fachada possui uma porta central e duas laterais, além de três vãos sacada, ainda na envolvência do pátio localiza-se uma fonte e algumas portas. No percurso em direcção à Sala das Bicas é perceptível um pórtico em pedra através da escada de acesso, o seu interior é composto por uma pavimentação em mármore preto e branco e no revestimento surgem silhares de azulejos diversificados. Lateralmente encontra-se a Sala de Jantar num compartimento do Palácio edificado no século XVI, também existe a Sala Dourada núcleo comunicativo com os três grandes salões nobres do Palácio, a Sala apresenta um grande tecto datado do século XVIII, revestido a painel e decorado exaustivamente com talha dourada, existe também a Sala Azul ou Sala dos Embaixadores com características semelhantes. A Sala Azul direcciona-se para o Gabinete de Trabalho do Presidente. A Sala de Baile do reinado de D. Maria II no século XIX é a actual Sala de Reunião do Conselho de Estado. O Pátio das Damas é a área de maior movimento do Palácio, entra-se directamente pela porta contigua à Calçada da Ajuda e ladeado pelo Jardim do Buxo, pelo palácio e pelo palacete edificado no século XX.
Bem como os edifícios anteriores o Museu dos Coches foi inaugurado como tal em Maio de 1905 por iniciativa de D. Amélia, que escolheu como lugar para a instalação, do Picadeiro Real de Belém. Actualmente o Museu conserva uma colecção vasta e inigualável no mundo, de viaturas e demais acessórios correspondentes ao século XIX. Obedece a um projecto neoclássico do arquitecto Giacomo Azzolini, possuindo um grande salão rectangular com 50 metros de comprimento e 17 metros de largura, ostenta dois pisos, surgindo no topo do último piso, com tribunas articuladas em galerias.
O Picadeiro Real teve inicio construtivo em 1787 concluindo-se em 1828. À data de 1791, as tribunas eram decoradas em painéis de azulejo fornecidos por Francisco José da Costa, e em 1793 a instalação da balaustrada interior estava concluída.
Em 1904 procedeu-se à adaptação do Picadeiro a Museu pela mão do arquitecto real Rosendo Carvalheira, mais tarde em 1940 novas obras foram executadas pelo arquitecto Raul Lino, onde foram realizadas obras de ampliação com a construção de um novo salão contiguo. A cobertura foi alvo de intervenção no período de 1999 a 2001, procedeu-se à sua reabilitação e à remodelação do tecto do salão lateral.
Centro Cultural de Belém
Mais recente e de extrema importância é o Centro Cultural de Belém, em 1988 foi decidida a sua edificação, com o claro objectivo de receber a Presidência Portuguesa da União Europeia em 1992 num edifício condigno, posteriormente transformou-se num grande núcleo cultural. A partir deste pressuposto foi aberto um concurso internacional através do Instituto Português do Património Cultural, os vencedores foram Manuel Salgado e Vitorio Gregotti, que propunham um conjunto edificado com cinco módulos, mas efectivamente só foram construídos três relativos ao Centro de reuniões, Centro de Exposições e Centro de Espectáculos. A construção foi iniciada em finais de 1988 e concluída em Setembro de 1993. A implantação foi polémica, foi escolhida para demarcar o lugar de partida para os Descobrimentos. O Centro de Reuniões desenvolve-se espacialmente para receber congressos e reuniões, possui acabamentos arquitectónicos de excelência funcionando conjuntamente com várias lojas, restaurante, bares e as garagens. Relativamente ao Centro de Espectáculos tem como funcionalidade a apresentação de diversos espectáculos artísticos, é constituído por um grande Auditório e um pequeno auditório fornecidos de salas de apoio aos espectáculos. O Centro de Exposições é caracterizado espacialmente por diversas áreas dedicadas à exposição distribuídas em quatro galerias dedicadas à exposição de todos os tipos artísticos. O Centro Cultural de Belém tem uma grande relação espacial com o exterior nomeadamente com a praça do império, através de duas ruas internas e caminhos pedonais, o Centro Cultural de Belém tem uma forte componente urbana. É de salientar a materialidade do edifício através do lioz, confere-lhe uma imagem edificada única e monumental.
Centro Cultural de Belém (www.cm-lisboa.pt) Maqueta do Centro Cultural de Belém (www.risco.org)
Museu da Electricidade
O Museu da Electricidade localiza-se em Belém e está classificado como imóvel de interesse público, está inserido no edifício da Central Tejo. O Museu abriu em 1990 e em 2000 sucederam-se as reabilitações, até ao ano de 2006 em que reabre com grande notoriedade e afluência. O Museu pertence à Fundação EDP.
Historicamente a Central Tejo é a antiga Termoeléctrica lisboeta, respondendo aos alicerces da arquitectura industrial, estruturando-se na arquitectura ocidental do ferro, pois materialmente o edifício encontra-se revestido com tijolo e uma mistura surpreendente de estilos desde a Arte Nova ao Classicismo.
A Praça do Carvão protagoniza o lugar de chegada, nessa praça é notória toda a instrumentalização das caldeiras de alta pressão, a entrada do edifício dá-se a partir da Sala de Exposições, tratava-se de um antigo espaço referente às caldeiras de baixa pressão, hoje é o espaço dedicado às exposições temporárias, seguidamente surge a Sala das Caldeiras, a Sala dos Cinzeiros, a Sala do Experimentar tripartida em três espaços, dedicados às fontes de energia, aos cientistas da produção electrica e à aprendizagem, surge a Sala da Água, a Sala das Máquinas, a Sala dos Condensadores, no piso superior a Sala dos Geradores e ainda noutro piso acima a Sala de Comando que actualmente é uma área dedicada à experimentação e à história da produção electrica. O Museu tem um Centro de Documentação relacionado com o estudo especializado da produção eléctrica.
Novo Museu dos Coches
O Museu dos Coches foi desenhado por Paulo Mendes da Rocha, previa-se que estivesse terminado para as comemorações do centenário da República, mas no entanto em 2011 ainda estava a ser edificado, este edifício faz parte da requalificação e reabilitação da frente ribeirinha de Lisboa incorporado no programa Belém Redescoberta.O edifício contará com pé direito de 10 metros, num espaço branco com 130 metros. A cota de soleira vai se apresentar livre, o objecto está suspenso de forma a não obstruir a visualização e o desfrute do lugar, apesar de ser uma construção enorme, em resposta vai ser construído a 4,5 metros do chão.O objectivo do edifício é a exposição e a conservação dos coches, e era necessário integrar o edifício num meio urbano consolidado com bairros antigos, jardins, monumentos e o interveniente principal, o rio.
Relativamente à estrutura do edifício esta será metálica, assente sob quatro colunas, que irá corresponder apenas ao espaço expositivo, para as outras instalações de apoio, será construído outro edifício de apoio, e desenvolver-se-á com uma vista privilegiada sob os Jardins do Império.
Centro de Investigação Champalimaud
O Centro de Investigação Champalimaud é de grande notoriedade para Lisboa, estrutura o objectivo da Fundação Champalimaud na criação de um pólo de investigação cientifica nas áreas oncológicas e neurociências, capacitado das mais variadas tecnologias pioneiras do mundo. A implantação do Centro Champalimaud tem uma área de 60 mil metros quadrados na frente ribeirinha no lugar de Pedrouços, nas imediações da Torre de Belém e na foz do Tejo encontra-se num lugar de grande simbologia nacional relacionada com os descobrimentos à procura do desconhecido. Pela singularidade desses acontecimentos o edifício congratula uma actividade a nível mundial, tal como o feito histórico dos portugueses há séculos atrás, o edifício torna-se um marco desses acontecimentos, com os olhos postos da comunidade internacional.
O projecto é obra do arquitecto Charles Correa, que a nível conceptual usa a analogia dos descobrimentos marítimos com as descobertas cientificas.
O edifício tem dois volumes fomentando a livre circulação, o Edifício A é provido de áreas de diagnóstico e de tratamento, nos pisos inferiores, bem como áreas destinadas a laboratórios e aos administrativos em pisos superiores. O Edifício B tem como funcionalidades, serviços de restauração, auditório e espaços de exibições, ainda tem um passadiço em vidro que faz a ligação com o Edifício A. No exterior além dos espaços ajardinados possui um anfiteatro, e a disposição dos volumes encontra-se delineada por um eixo com utilidade pedonal com 125 metros, que descreve uma diagonal no terreno culminando no mar, simbolicamente desenhado. O bloco central do complexo edificado encontra-se no Edifício A, como já foi referido localizam-se ai os mecanismos de diagnóstico e tratamento bem como equipamentos laboratoriais. A entrada no edifício processa-se através de um espaço com duplo pé direito que se direcciona para um jardim tropical coberto estabelecendo a ponte entre edifício e natureza, numa analogia simbólica. Neste piso é possível encontrar as áreas afectas a exames médicos e outras áreas de apoio clinico, tal como uma área destinada a “infantário” para a utilização dos utentes enquanto utilizam os serviços do centro. O ponto fulcral do edifício é o jardim tropical coberto por uma pérgola que é a peça chave do edifício, situado abaixo da cota do piso térreo, a uma cota inferior de 4,5 metros. No primeiro piso encontram-se os laboratórios afectos à investigação, na envolvência do jardim tropical, os laboratórios de apoio têm uma vista privilegiada para a área da marina e para o mar, tal como os gabinetes dos investigadores. O edifício também tem uma biblioteca distribuída por dois pisos com uma disposição programática que relaciona as duas alas, lugar propicio à sociabilização.O último piso laboratorial tem ligações para o piso inferior fazendo a articulação entre os dois pisos, promovendo uma maior interacção entre utilizadores. A Norte do Edifício A situam-se os serviços administrativos que interagem com o Edifício B onde se localizam outros serviços através de uma ponte em vidro. No Edifício B encontram-se as áreas referentes a exibições que comunicam os objectivos da Fundação, localizam-se também um grande Auditório e restauração, no piso superior encontram-se os escritórios contemplados com terraços.
Os espaços exteriores permitem a realização de espectáculos de frente para o rio, acessível aos visitantes, incorporando um jardim tropical importantíssimo no paisagismo do edifício.
O complexo é denominado como “A Janela da Esperança” pelo arquitecto do Centro, devido a tratar-se do primeiro hospital mundial com tais características, que até fomenta uma grande interactividade entre doentes e investigadores.
O Centro de Investigação para o Desconhecido é a nomenclatura denominada internacionalmente, vai suscitar repercurssões relevantes para Lisboa, e melhor contudo o desenvolvimento da investigação cientifica em áreas tão particulares como o cancro e as neurociências.
Fontes:
CONSIGLIERI, Carlos; RIBEIRO, Filomena; VARGAS, José Manuel; ABEL, Marília (1996) - Pelas freguesias de Lisboa: Lisboa Ocidental. Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa, Biblioteca da Educação.
FRANÇA, José-Augusto (2005) - Lisboa: Urbanismo e Arquitectura.Lisboa: Livros Horizonte.
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